quarta-feira, 16 de março de 2011

“Ser radical na gestão dos recursos hídricos...”

Em nosso vocabulário cotidiano criou-se uma confusão entre as semânticas das palavras: Radical e Sectário. A palavra radical possui como significado: - aqueles que se firmam em raízes, ou seja, aqueles que procuram solidez em suas posturas e se aprofundam no conhecimento. Enquanto que sectário, esta sim, possui o significado pejorativo de intransigente, superficial, intolerante, aquele incapaz de romper com os seus próprios contornos.
Nesse sentido, podemos notar que a gestão dos recursos hídricos principalmente em regiões onde a escassez é uma realidade, o ser radical no planejamento e na execução das ações é condição essencial para a conquista das metas de eficiência.
Minas Gerais em matéria de recursos hídricos sintetiza as diversidades hidrológicas presentes no Brasil; abundancia e escassez extremos presentes em nossa realidade.
Nosso Estado participa do circuito das águas em sua região mais ao Sul e ao mesmo tempo é integrante do polígono das secas em sua região mais o Norte.

Como Gerir essa diversidade climática e hidrológica com uma única Política Estadual de Recursos Hídricos?

Com uma regionalização radical, penso eu. Enquanto as instituições públicas proporem normas, planos e ações para o estado como um todo sem levar em consideração as especificidades regionais ficará no vago e indesejável caminho do “meio termo”.

A regionalização radical deve pautar-se pelos estudos, pesquisas regionais demonstrando que para situações diferentes precisam-se de alternativas apropriadas.

A região Norte do Estado, pertencente ao polígono da seca, a área mineira da SUDENE e ao semiárido, necessita apropriar-se de modelos de gerenciamento das águas que lhe seja adequado, e para tanto, as academias, as instituições públicas locais deveriam criar linhas de fomento a pesquisas voltadas à modelagem da gestão de recursos hídricos regional.

Estive em novembro em Fortaleza – CE participando do Encontro Nacional dos Comitês de Bacia Hidrográfica, nessa oportunidade participei do curso de gestão integradas de bacias no semiárido, quem ministrou o curso foi um professor da Universidade Federal do Ceará que orientava diversos acadêmicos em suas teses de mestrado e doutorado em modelagem de gestão de recursos hídricos no semiárido. Notem que no Estado do Ceará existe uma homogeneidade natural de clima semiárido e mesmo assim a modelagem da gestão de recursos hídricos acontece em bacias e não no território como um todo.

Ora! Até quando nossas academias e instituições locais irão investir em conhecimentos gerais? Precisamos produzir conhecimentos regionais e assim poder radicalizar a gestão de recursos hídricos.

Deste modo, enquanto conselheiro do Comitê de Bacia Hidrográfica dos Afluentes Mineiros do Médio São Francisco procuro difundir que as alternativas de convivência harmoniosa com a escassez hídrica é a construção de modelos regionais de gestão de recursos hídricos, tendo por protagonistas as academias e instituições públicas locais articuladas pelo Comitê de Bacia Hidrográfica.

O ser radical é uma virtude; o problema se assenta na superficialidade do meio termo


Rafael Sá