MAIS UM DIA MUNDIAL DA ÁGUA, E A GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS?
O dia mundial da água foi criado pela Organização das Nações Unidas no dia 22 de março de 1992, destina-se esse dia às discussões sobre os diversos temas que circundam a questão ambiental dos recursos hídricos mundiais.
Afirma-se, que a água é o insumo da vida. Fato real, se observamos a história podemos verificar que esse insumo participou de todos os aspectos da sociedade humana, desde o desenvolvimento agrícola, industrial, cultural e religioso, que acompanharam a nossa civilização.
A água talvez seja o insumo da vida mais democrático, pois não importa quem somos, o que fazemos, o quanto de riqueza temos, nós todos dependemos dela para sobreviver.
A gestão de recursos hídricos, fundamenta-se em um conjunto de normas e atividades com a finalidade de alcançar resultados de eficiência do uso desse recurso, de forma sustentável nos aspectos ambientais, sociais e econômicos.
Entretanto, essa gestão sofre constantes abalos em razão das crises: sejam econômicas, éticas, educacional ou democrática. A gestão desse insumo se fortalece ou enfraquece na medida dos interesses, as vezes altruístas, as vezes egoístas, daqueles que detém o poder de definir o que se espera de uma política pública.
Para se fazer gestão de águas é necessário investimento em planejamento, em pessoas, em informação e principalmente em mobilização social. E quando se fala em investimento traz a tona o principal problema que circunda a gestão das águas.
Já que a água e a sua administração formam o insumo da vida, o que se espera é que a vida seja a prioridade de qualquer política pública. Administração da água não pode trilhar na corda bamba da economia mundial. É preciso que se invista em pesquisas, em capacitação técnica, em metodologias de trabalho e principalmente em mobilização de toda a sociedade.
O trabalho incessante de gestão das águas produz resultados, todavia, não mensuráveis em indicativos convencionais, aqueles traduzidos em números e cifras. O sucesso da gestão das águas traduz-se nos frutos da semente plantada em cada cidadão, nas mudanças de hábitos da sociedade e no compartilhamento desse bem natural entre todos, sem distinção de raça, riquezas ou cultura.
Não se trata do quanto se investe em gestão de águas, mas do quanto se economiza em matéria de saúde pública, em restrição de atividades agrícolas, em restrição de atividades industriais, em catástrofes nos grandes centros urbanos, em proporcionar a cada cidadão qualidade de vida.
Para ilustrar o papel dos gestores de água, aqui entendidos como conselheiros e servidores públicos, trago a estória contada pelo jornalista Mario Sergio Cortella em seu livro “Não Espere pelo Epitáfio”. Conta a estória que em uma imensa fábrica nos Estados Unidos equipada com máquinas avançadas e equipamentos hidráulicos de última geração, ocorreu uma pane geral.
Todo o sistema parou, cada minuto era precioso e causava prejuízo financeiro de milhares de dólares. O suporte técnico, que lidava diretamente com problemas, foi imediatamente chamado, os especialistas examinaram toda a estrutura e, nada. O defeito não era localizado.
Em um determinado momento um dos diretores disse: Há um velho encanador que trabalha há mais de 50 anos nesta cidade. Quem sabe, como recurso extremo, ele poderá ajudar.
Sem alternativa chamaram o antigo profissional, que com sua maletinha de ferro, já desgastada, caminhava silencioso por toda a fabrica, e de repente, perto da área central da fábrica, abaixou-se, e colocou o ouvido no piso, e deu um leve sorriso. Tirou da maleta um martelo de borracha e, com ele deu uma pancada no chão. Tudo voltou a funcionar.
O gerente financeiro, depois de agradecer o encanador, perguntou pelo custo do serviço; ele respondeu que custaram mil dólares. O gerente, atordoado, retruca: “mil dólares por uma marteladinha? Não dá; não vão aceitar. Faça, por favor, uma nota fiscal detalhada com a descrição de todo o serviço feito aqui”
O velho encanador não se incomodou; preencheu o documento e entregou ao gerente, que leu a discrição: “a) dar uma marteladinha, 1 dólar; b) saber onde dar a marteladinha, 999 dólares”
Dessa forma podemos ilustrar como a gestão das águas é vista pelo sistema político. A gestão não é imediatista, é sim uma obra cujo alicerce se forma pelo conhecimento adquirido em cada experiência, em cada ação desenvolvida. Não se produz números ou cifras diretamente, mas o resultado desse trabalho sustenta o insumo da vida, o bom funcionamento da economia e a continuidade da vida em nosso planeta.
Rafael Sá