Sou filha da mãe natureza, nasci a milhões de anos. Sou da idade do irmão Sol, irmã Lua. De milhões de astros espalhados por este imenso universo. Ocupo a maior parte deste planeta, onde tinha domínio tempos atrás.
Tenho lindas estórias nesta longa vida. Fui eu quem misturou com a irmã terra e o senhor fez um artesanato, soprou sobre ele aí originou um ser chamado homem. No seu corpo estou em sua maior parte.
Na palavra Santo livro mostrei presença. Para salvar a família de Noé, da corrupção daquele povo dominante. Ajudei os israelita a saírem da escravidão do Egito, na travessia ao mar Vermelho.
Jorrei sobre a rocha do deserto para saciar a sede do povo de Moisés. Depois a sede de Jesus no Poço de Jacó, pelas mãos de uma samaritana. Brotei dos olhos de Maria, quando acompanhou seu filho até ao calvário.
Derramei do peito de Jesus quando um soldado o feriu com uma lança. Nas historias da descoberta do mundo fui usada para navegação. Nos mares e rios transportei o progresso destes povos. Servi de aconchego a diversas espécies de animais e plantas.
Fui gotas de orvalho sobre a relva na mais belas paisagens da natureza. Fiz com que germinasse a semente na terra, formando ramos e lindas flores que perfumam, dão frutos que alimentam a todos os seres vivos, e dão sombra para protegê-los dos raios solares.
Não bastasse tudo isso, este ser chamado Homem, a quem dei a vida. Está destruindo-me. Acabou com as florestas, não deixando sequer a beira dos rios e lagos. Acabou com a minha esponja que fazia este elo, dos pingos das chuvas aos meus lençóis freáticos.
Além de fazer inundações com barreiras envenenadas, com abuso dos agrotóxicos, utilizados para matar os insetos, contaminando-me no subsolo. Destruí as gotinhas de orvalho nos mais viçosos ramos.
Só me resta agora é uma brusca queda sobre o solo nu e seco, causando inundações, poluindo rios e lagos. Faz barramento em meus leitos impedindo a pureza de minhas nascentes chegarem aos longínquos dos ribeirinhos para saciar sua sede.
Faz se cair sobre mim o esgoto das cidades, junto aos lixos que rolam sobre minha fonte, matando meus animaizinhos. Por isso eu peço a você que criei, alimentei, saciei a sede, transportei por estes continentes, dei belezas purifiquei o ar e agora me prende, me suja, me envenena, me mata.
Pense um pouco faça algo por mim. Seja o Beija-Flor do incêndio, na mata da estória do Betinho. Não deixe sozinho o poeta que quando me descreve derrama fotos dos olhos, como Maria ao pé da cruz do seu filho Jesus. Não prometa! Faça! Conto com você...
O poeta,
Oscarino Aguiar Cordeiro, Porteirinha, MG.
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